Meu nome real oficial é Babi, apesar de eu ter sido registrada como Bárbara.

Sou formada em Jornalismo pela Universidade Federal do Amazonas e minha profissão é uma das descobertas mais bonitas da minha vida: sou celebrante do amor. Escrevo discursos para casais amados, livres e autênticos. Eu sou uma artivista do amor.

Meu sotaque foi cultivado cuidadosamente sob raios solares intensos, temperatura média de 35 graus, alta umidade e chuvas intensas de Manaus. Eu falo “tu” e “telesé?”, mas os nove anos de São Paulo incluíram nas minhas construções de fala o “você”, o “mano do céu” e o “daora”.

E como foi que a jornalista manauara se transformou em uma celebrante de casamentos com endereço paulistano? Em 2012, eu e meu companheiro (o Lê) decidimos fazer uma festa cheia de amor para comemorar nossa união. Ele já havia se casado na Igreja. Então, essa era uma possibilidade descartada.

Nós nos casamos em Manaus, no ano de 2013. À época, não havia celebrantes sociais por lá. Na verdade, eu nem fazia ideia dessa profissão. A dúvida “quem vai celebrar nosso casamento”? nos deixou bem aflitos. Não queríamos uma cerimônia baseada apenas em discursos religiosos. Para falar a verdade, eu tinha muito receio sobre o que seria dito. Eu tinha pavor de expressões machistas, de comentários constrangedores e de compartilhar o nosso altar com quem não fizesse sentido pra gente. Queríamos alguém que nos transmitisse confiança e que se importasse verdadeiramente com a nossa história.

Então, pensamos em chamar dois amigos para a missão. Quando eu fiz o convite a Anny, minha amiga desde os 15 anos de idade, imaginei que ela acharia o máximo e faria a maior festa. Essa era a expectativa. A realidade: ela ficou em pânico, teve medo de não dar conta e - na cabeça dela - era um rebaixamento de madrinha para celebrante. Eu saí da casa dela pensando que se alguém me fizesse esse convite, eu ficaria muito honrada porque seria uma prova de confiança gigantesca.

Após uma longa DR por telefone e alguns textões por e-mail, ela entendeu o quanto aquele convite também era para mostrar quão importante e especial ela era (e é) para mim. E ela brilhou. A cerimônia foi inesquecível. Foi tão incrível que tive vontade de proporcionar a outras pessoas exatamente o que senti naquele dia: emoção, segurança, confiança, amor, afeto, alegria e a vontade de sorrir que não cabia em mim.

De 2005 a 2015, ocupei redações de jornais impressos, sites jornalísticos, assessoria de imprensa e agência. Nesse período, viajei por lugares incríveis, encontrei pessoas transformadoras, fiz amigos e conheci o homem com quem compartilho a vida. Eu era muito feliz mas, em determinado momento, senti que precisava desbravar. Em julho de 2015, pedi demissão do meu último emprego formal. No dia 27 de fevereiro de 2016 conduzi o primeiro casamento da minha vida. A partir desse dia, acredito que descobri muito mais sobre mim mesma do que sobre os casais que atravessam minha história. Eles são a ponte para que eu possa entender meu lugar no mundo.

Faço parte de momentos únicos na vida de casais que celebram o amor que vivem. Celebro pessoas, vivências, laços de amizade e ancestralidades. Com palavras, dissemino afeto, respeito, ternura e inspiração. Gosto de contar histórias de amor de gente que ama gente, de meninos que amam meninos, de moças que amam moças, de rapazes que amam mulheres, de pessoas que deixam o mundo mais colorido e bonito.

Cada indivíduo é único, dotado de características, memórias, capacidades, alegrias e dores. Cada casal carrega consigo a soma dessas potencialidades e possibilidades. Cada casal costura seu afeto de uma maneira diferente. Por isso a história dos casais que chegam até mim não é só mais uma. Ela é única e merece ser ouvida e contada com respeito e afeto.

Eu acredito que amor é vida real. E que ele é o caminho mais poderoso para investigarmos nossa essência, para que possamos praticar o respeito e a empatia, e para que possamos cuidar com carinho de todos os seres e do lugar onde vivemos.

Abraços carinhosos

Babi