9 poemas de amor para se inspirar e usar na cerimônia
Viaje pela nossa seleção de joias literárias para colocar em palavras o que carrega no peito. Obras de poetas são um atalho bonito e eficiente para traduzir sentimentos e sensações
Na hora de traduzir a todas as pessoas presentes a profusão de sentimentos vivida no grande dia, os poemas de amor se mostram especialmente bem sucedidos. Por isso, trazemos aqui uma pequena seleção de joias literárias devidamente lapidadas pelos ourives da escrita para inspirar os corações enamorados.
Índice de conteúdo
Versos passionais
Pense numa emoção que não pode ser contida a ponto de escoar por mãos e dedos. Este é o desafio que os poetas da língua portuguesa tomaram para si e se esmeraram em aperfeiçoar ao longo dos anos. Assim, nada mais justo do que dedicar alguns desses poemas de amor para namorada ou namorado para melhor se expressar à sua cara-metade de forma intensa e emotiva.
Para tal, sugerimos as obras da poeta portuguesa Florbela Espanca, do chileno Nobel de Literatura Pablo Neruda e da modernista brasileira Adalgisa Nery, entre outros nomes possíveis. Entre as escolhas emocionantes para os votos, tomem nota desses versos que nasceram para serem declamados em voz alta aos quatro cantos do mundo.
1. Fanatismo — Florbela Espanca
Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer a razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!
"Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio e Fim!..."
2. Poema da Amante — Adalgisa Nery
Eu te amo
Antes e depois de todos os acontecimentos
Na profunda imensidade do vazio
E a cada lágrima dos meus pensamentos.
Eu te amo
Em todos os ventos que cantam,
Em todas as sombras que choram,
Na extensão infinita dos tempos
Até a região onde os silêncios moram.
Eu te amo
Em todas as transformações da vida,
Em todos os caminhos do medo,
Na angústia da vontade perdida
E na dor que se veste em segredo.
Eu te amo
Em tudo que estás presente,
No olhar dos astros que te alcançam
E em tudo que ainda estás ausente.
Eu te amo
Desde a criação das águas, desde a ideia do fogo
E antes do primeiro riso e da primeira mágoa.
Eu te amo perdidamente
Desde a grande nebulosa
Até depois que o universo cair sobre mim
Suavemente.
3. LXIV (Cem sonetos de amor) — Pablo Neruda
De tanto amor minha vida se tingiu de violeta
e fui de rumo em rumo como as aves cegas
até chegar a tua janela, amiga minha:
tu sentiste um rumor de coração quebrado
e ali da escuridão me levantei a teu peito,
sem ser se sem saber fui à torre do trigo,
surgi para viver entre tuas mãos,
me levantei do mar a tua alegria.
Ninguém pode contar o que te devo, é lúcido
o que te devo, amor, e é como uma raiz
natal de Araucânia, o que te devo, amada.
É sem dúvida estrelado tudo o que te devo,
o que te devo é como o poço de uma zona silvestre
onde guardou o tempo relâmpagos errantes.
A sorte de um amor tranquilo
Já para quem deseja exaltar o poder da cumplicidade, da harmonia e da tranquilidade a dois, separamos estas estrofes que enaltecem a “maré serena”. Dentre os poemas românticos da literatura estão as obras de Alberto Caeiro (um dos heterônimos de Fernando Pessoa), da gaúcha Lya Luft e da poeta mineira Adélia Prado. Esses são versos perfeitos para serem lembrados nas cerimônias mais intimistas, podendo constar nos convites ou declarações feitas olho no olho.
4. Canção do Amor Sereno — Lya Luft
Vem sem receio: eu te recebo
Como um dom dos deuses do deserto
Que decretaram minha trégua, e permitiram
Que o mel de teus olhos me invadisse.
Quero que o meu amor te faça livre,
Que meus dedos não te prendam
Mas contornem teu raro perfil
Como lábios tocam um anel sagrado.
Quero que o meu amor te seja enfeite
E conforto, porto de partida para a fundação
Do teu reino, em que a sombra
Seja abrigo e ilha.
Quero que o meu amor te seja leve
Como se dançasse numa praia uma menina.
5. O amor é uma companhia — Alberto Caeiro
O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.
6. Casamento — Adélia Prado
Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como “este foi difícil”
“prateou no ar dando rabanadas”
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.
Direto ao ponto
Há ainda os poemas de amor curtos, ideais para quem busca simplicidade e objetividade, sem abrir mão de romantismo e personalidade. Aqui incluímos composições do eterno Carlos Drummond de Andrade, do espanhol Luis Cernuda e do canadense Rupi Kaur. São linhas sucintas, que certamente vão emocionar a todos mesmo quando impressas nas lembrancinhas.
7. O mundo é grande — Carlos Drummond de Andrade
O mundo é grande
O mundo é grande e cabe
nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
no breve espaço de beijar.
8. Não quero ter você - Rupi Kaur
Não quero ter você
para preencher minhas partes vazias
quero ser plena sozinha
quero ser tão completa
que poderia iluminar a cidade
e só aí
quero ter você
porque nós dois juntos
botamos fogo em tudo
9. Contigo — Luiz Cernuda
Minha terra?
Minha terra é você.
Minha gente? Minha gente é você.
O desterro e a morte
para mim estão onde você não está.
E a minha vida?
Diga-me, minha vida,
o que é, se não é você?
O poder das palavras é inegável, então não se sinta intimidado ou intimidada em fazer uso daquele poema de amor que mais te emociona. Afinal, eles foram feitos para serem usados em momentos como este, enchendo de mais cor e vivacidade algo já tão pleno em significado. Celebre este momento tão especial com o seu par com uma pequena ajuda desses célebres nomes e torne todo o evento ainda mais inesquecível e tocante.
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