Otimismo a dois: conselhos para entrar em 2021 com os ânimos renovados
Sabemos que 2020 não foi um ano fácil, mas também sabemos que o amor é capaz de vencer todas as barreiras, e vocês são a prova disso. E, para não deixar a peteca cair no novo ano, aqui vão algumas dicas de ouro.
O ano de 2020 representou um período turbulento para o mundo. Naturalmente, casais de todo o planeta se sentiram perdidos sobre como se manter otimistas. Humanos que somos, naturalmente sentimos medo, angústia e insegurança pelos dias que virão. Mas a verdade é que 2021 representa um livro em branco na nossa história, que não merece ser contaminado pelos maus pensamentos. Nossa visão sobre ele não precisa ser fantasiosa, nem tampouco catastrófica: construir o otimismo a dois é ter os pés na realidade, sem abrir mão da capacidade de sonhar – e de se movimentar pelos sonhos. Por sabermos que a missão não é fácil, falamos com uma especialista em busca de dicas práticas sobre como o casal pode ter uma visão otimista neste novo ano.
A psicóloga Chris Luz é especialista em Terapia Cognitivo Comportamental e não acredita em fórmula mágica que não envolva o compromisso a dois. Uma relação baseada em muito diálogo é fundamental para se chegar ao equilíbrio entre meta e precaução. Ela também não acredita em frases prontas: é preciso sentir, respeitar os sentimentos e saber trabalhá-los em conjunto, à base de muito carinho e compreensão. Confira abaixo a nossa conversa com a profissional.
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Casamentos.com.br: Depois de um ano tão difícil e em meio a um cenário de tanta indecisão, como é possível manter o otimismo do casal?
Psicóloga Chris Luz: O primeiro passo para o casal manter o otimismo é conversar muito. Em momentos de tensão ou de frustração é preciso lembrar que para tudo há uma saída. Por isso, é necessário que o par troque ideias, discutam as possibilidades e como farão. O segundo passo é aprender a ser colo, apoio e incentivo um do outro. Algumas situações nos abatem e precisamos de alguém para lembrar que a vida não vai parar ali. Respeitar os seus sentimentos e do seu parceiro ou parceira é fundamental. Ninguém é obrigado a ser forte o tempo todo. Esse elo vai ajudar a termos em mente que o momento ruim não é o final da história, que temos de nos levantar e continuar para vencer as adversidades.
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C: Que tipos de pensamentos negativos devem ser combatidos?
P: Muitas vezes interpretamos a realidade de forma distorcida ou limitada, o que nos leva aos pensamentos negativos dos erros de percepção. É como se a gente enxergasse o cenário com os óculos sujos. Existem categorias de pensamentos negativos. Na catastrofização, focamos em ideias bem exageradas e desastrosas sem levar em conta as alternativas. Na super generalização, enxergamos um padrão negativo em tudo a partir de um único acontecimento ruim. Naquilo que chamamos de “leitura da mente”, achamos saber o que outras pessoas pensam sem nenhuma evidência.
Outro erro comum é a minimização do positivo, que é quando ignoramos ou menosprezamos aspectos positivos de algo, alguém ou de alguma situação. Há também a maximização do negativo, que é supervalorizar apenas os aspectos ruins. No conceito da abstração seletiva, enxergamos apenas uma parte de tudo, desconsiderando o quadro geral. Já na “tirania dos deveria”, destacamos como as coisas deveriam ser ao invés de perceber o que ou como elas são de verdade. Por fim, temos o “erro oracular”, que consiste em fazer previsões negativas para o futuro dando como uma certeza de que aquilo acontecerá.
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C: Qual é a melhor forma de combater toda essa negatividade do pensamento?
P: A melhor forma de enfrentarmos um pensamento automático distorcido é identificá-lo quando estiver passando pela nossa mente para questioná-lo e buscar alternativas que sejam mais próximas da realidade. Podemos nos perguntar coisas como “quais são as evidências disso e as evidências contrárias a ela?”, “existe uma explicação alternativa para esse pensamento?” e “qual seria a pior coisa que poderia acontecer se tal coisa acontecesse?”.
Seguindo nessa linha, podemos fazer questionamentos como “posso fazer algo para prevenir? Se eu não posso, quais alternativas eu tenho?”, “qual a melhor coisa que poderia acontecer se tal fato ocorresse?” e “o que poderia dizer para um amigo se ele estivesse nessa situação?”. A partir daí, testamos a validade de cada um dos pensamentos ou a utilidade deles. Se for necessário, podemos buscar pessoas de confiança para conversar e ampliar os pontos de vista sobre o momento.
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C: O que é ser otimista no atual contexto? E como fazer isso a dois?
P: O ano de 2020 não foi fácil. A pandemia veio e bagunçou os nossos planos e sonhos. Mas estamos aqui, firmes e cheios de escolhas para fazer todos os dias. Por isso o otimismo é fundamental. Ele nos ajuda a lidar com as dificuldades e nos dá a oportunidade de transformá-las em crescimento, apesar do que nos acontece. Ter otimismo não é só acreditar e falar coisas positivas. É compreender a imprevisibilidade da vida, é colocar a mão na massa, é concentrar-se na solução. Desenvolver o otimismo a dois e cuidar do relacionamento demanda que ambos se comprometam a utilizar algumas habilidades sociais. Facilitam a manutenção dos vínculos sociais positivos a empatia, a comunicação, a assertividade, a paciência, a gratidão, a administração das emoções, a gentileza, a cordialidade e a capacidade de negociação, dentre outras características a serem trabalhadas.
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C: Como uma visão otimista pode contribuir na melhora da saúde do casal?
P: Problemas e imprevistos acontecem com todo mundo. Mas quem tem uma visão otimista bem desenvolvida consegue lidar melhor com as frustrações e os aborrecimentos. Isto aplicado à vida do casal faz com que a relação se fortaleça e aumenta o bem-estar emocional de ambos.
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C: A ansiedade pelo casamento pode atrapalhar? Como frear a insegurança?
P: A ansiedade quando está muito alta nos deixa hiper vigilantes e com uma maior tendência a enxergar as situações de forma distorcida. Isso pode fazer a gente se apegar muito ao que não temos controle, aos erros e às chateações. Ao enfrentar uma dificuldade ou frustração, é melhor pensar no que é possível de ser feito. Contar com a ajuda de alguém nesse momento ajuda muito. Portanto, se estiver muito difícil, é importante buscar um profissional da saúde mental para auxiliar neste processo.
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C: Que outras dicas ou insights considera válidas para passar aos casais que depositam as esperanças em 2021 para trocar as alianças?
P: Que, antes de tudo, desenvolvam a parceria, aprimorando a comunicação, o respeito, e a cumplicidade. Também recomendo que comecem o ano criando objetivos realistas para se sentirem motivados a concluí-los. Focar no que está sobre o controle do par, naquilo que é possível de ser feito em cada momento faz parte disso. Ter em mente que, às vezes, será necessário utilizar a flexibilidade para concretizar alguns objetivos e que tudo bem evita um sofrimento desnecessário. Assim, ambos serão capazes de pensar juntos em novas estratégias e nos ajustes dos planos e das rotas para chegar ao destino desejado da vida a dois.
O otimismo a dois é uma construção que tem como base a cumplicidade. Olhar para 2021 e os desafios que virão é mais um capítulo a ser escrito a quatro mãos. Não há razão para o casal ficar petrificado por conta da insegurança. Tirem um tempo e respirem, focando sempre em continuar, que a solução será encontrada. Ser gentil consigo e com o seu par e acreditar naquilo que conseguirão fazer a dois é a postura mais otimista que podem ter. E que venha 2021!