Para sobremesas criativas... Bebidas criativas para acompanhar!

Que tal surpreender amigos e familiares na recepção com sabores e combinações tão deliciosas quanto inusitadas dos coquetéis? Harmonizados com sobremesas originais, chega-se à fórmula do sucesso de qualquer evento. O preceito é simples: ir além da obviedade das receitas clássicas com o emprego de produtos locais, com a cara do Brasil, para encantar convidados com drinks e doces diferentões. Técnicas avançadas de mixologia ajudam a transformar até a experiência de comer bem-casado e bolo de casamento em algo único.

Textura e cor dos drinks também vêm a contribuir na própria decoração para casamento, graças às suas apresentações fotogênicas e apetitosas.    

Cardápio personalizado

Antes que a ideia de investir em bebidas que fogem do padrão possa parecer uma loucura, o chefe de bar João Carlos Mariano lembra que a construção de um cardápio com proposta mais ousada contribui na ambientação do tema pensado pelo par. E até a relatar a história dos pombinhos.

Ele, que é proprietário da Flambar Coquetelaria, descreve como funciona a montagem de um cardápio único. “Se o casal vier com a proposta de uma inspiração, seja ela tropical, tirada de algum filme ou da trajetória deles dois, o bar consegue acompanhar o estilo. Podemos explorar técnicas com a essência do que eles buscam, como coquetéis defumados que surpreendem no visual, no aroma e no paladar”, exemplifica. 

Outra possibilidade, lembram Samura San e Kaká Fuchs, d’O Mixologista, é fazer da sobremesa e do drink um “dois em um”: “Uma alternativa é criar coquetéis que são considerados ‘dessert drinks’, ou seja, ‘coquetéis de sobremesa’. São sabores mais carregados, fortes e doces. Eles também são mais encorpados e normalmente consumidos em menor quantidade, ao final do evento. Fazem sucesso por onde passa”. Além disso, a cachaça, gin e vodka representam bases neutras que podem ser usadas para uma infinidade de receitas de bebidas.

Harmonização

Para aplicar as regras da harmonização sem deixar de acolher a personalidade do evento, pode-se optar pela combinação feita por correlação ou semelhança, em que o nível de doçura é próximo, ou por contraste ou diferença, com a quebra do dulçor.

“Na harmonização por semelhança, há um equilíbrio do nível de açúcar. Assim, um não anula o outro. Um exemplo disto é o Cosmopolitan com o cheesecake de geleia de cranberry. Naquela feita por diferença, o amargo de um produz a quebra com a doçura do outro. Dessa forma, há o realce do sabor. É a lógica aplicada para se degustar um clássico Negroni encorpado e amargo com os tradicionais docinhos e bolos de casamentos mais doces”, explica Mariano.

Fuchs salienta que não existe uma equação a ser aplicada na mixologia, mas sim o exercício de alguns princípios para organizar a experiência de apreciação, enquanto os convidados curtem as músicas da festa de casamento.

“As possibilidades são infinitas e não existe um padrão pré-determinado, apenas algumas regras básicas como classificação, modalidade e categoria. Elas são importantes ferramentas a favor dos bartenders para respeitar os conceitos básicos da coquetelaria. Assim, doces cítricos costumam cair bem com espumantes leves, que também podem ser apreciados com licores aveludados, como Amarula. Para os doces amargos, a dica acaba sendo acompanhar com um licor frutado. Um licor de figo com uma redução de goiaba, por exemplo. Além de exótico, soa regional”, conta.

Produtos locais

Sendo o Brasil um país tão rico em biodiversidade e cultura, não é de se estranhar que ingredientes locais tenham muito a colaborar com a mixologia, a começar pela cachaça, nosso patrimônio nacional. Mas com a exceção dela, deve-se ficar de olho quanto à sazonalidade dos insumos para que nada falte para o grande dia. Vencida esta barreira, as possibilidades são inúmeras. 

Samura San e Kaká Fuchs, d’O Mixologista, revelam algumas receitas já produzidas que podem ser, inclusive, apreciadas depois da data. “Uma redução de jabuticaba e vinho branco, um purê de manga com cardamomo, espuma de pitanga ou até mesmo um bitter de rapadura. Temos alguns dos nossos produtos inclusive à venda em nossa loja para aqueles que querem um gostinho de quero mais dos nossos eventos”, lembram eles, dando a dica de lembrancinhas de casamento diferentes.

Mesmo substâncias “universais”, como o gin, bastante em alta nos casamentos e demais eventos, beneficiam-se da produção local, a começar ele próprio. Assim nos conta João Carlos Mariano, da Flambar Coquetelaria. “A maioria dos nossos ingredientes são brasileiros, como as cachaças e os gins nacionais. Bitters ou amaros, que exercem a função de aperitivos e digestivos, também ganham espaço no cenário nacional. A tendência é utilizar frutas, especiarias e ervas de produtores locais, favorecendo o frescor dos produtos e o trabalho artesanal”, apregoa o especialista.

Mariano cita ainda técnicas regionais que levam a produção de bebidas exclusivas, como a Consertada, bebida típica da cidade de Bombinhas/SC, feita com a sobra do café passado ao qual são adicionadas especiarias (gengibre, canela, cravo e erva doce), açúcar e uma dose de cachaça. 

Combinações ousadas

Se achou tudo interessante até agora, prepare-se para mais fortes emoções. Conhece a técnica do Fat Wash? Mariano ensina. “Um Fat Wash, é uma técnica para infusionar óleos e gorduras em destilados. Ela traz para o coquetel um toque amanteigado sem a textura gordurosa”, cita o chefe de bar, entre inúmeras possibilidades para compor bebidas exclusivas que podem ser finalizadas com a logo do casamento impresso em papel de arroz.

Uma delas foi feita em homenagem a um mestre alambiqueiro da região de Garopaba/SC, onde foi criado para um campeonato de coquetelaria em que ficou em segundo lugar. Na composição, a delícia leva cachaça, melaço de cana, suco de limão e água de arroz cozido com um toque de sal. “A sobremesa para harmonizar com esse drink é o arroz doce”, sugere ele. Uma mistura simples e ainda assim encantadora, tal qual um buquê de flores do campo.

Os meninos d’O Mixologista, que têm como marca registrada suas criações, por sua vez apostam nas syrups (bases do sabor) para gerar comoção. “A de pitanga, que tem um sabor doce e azedo ao mesmo tempo, é um sabor totalmente regional e brasileiro. Elaboramos com ela, o Pé de Pitanga, é considerado um dessert drink, de sabor adocicado e espuma consistente e laranja que lembra um suspiro.

Depois dessa aula sobre coquetelaria, difícil vai ser ao casal não querer inovar para surpreender aqueles que receberam os convites de casamento. Afinal, datas especiais combinam com soluções especiais, uma máxima que serve tanto para buffet quanto para a decoração de casamento, sobretudo quando se está a celebrar o amor e uma vida nova de promessas empolgantes.